Solidariedade!


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"Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais, braços dados ou não...
Vem, vamos embora que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer".
("Pra não dizer que não falei de flores", Geraldo Vandré)


Dia destes ganhei o livro “As melhores Crônicas de Rubem Alves”. Sou apaixonada por tudo que este poeta e teólogo, encantador de almas se propõe a colocar em palavras, e neste “Manancial de Encantamentos” me emocionei ao ler e reler crônicas que falam da vida, das estórias, da experiência, da pratica de um HOMEM que a meu ver “SIMPLESMENTE É”!
“É Assim que acontece a Bondade” faz parte deste “Manancial de Encantamentos” e veio de encontro ao que sinto, acredito, pratico sobre o SER SOLIDÁRIO. Talvez esta crônica tenha tocado meu coração pela época, pelos últimos acontecimentos no sul do Brasil.....Por estar escutando tanto a palavra SOLIDARIEDADE!
Não sei se meus sentimentos podem acrescentar algo a quem ler, não tenho a pretensão de ensinar algo, apenas senti que deveria compartilhar em simples palavras o que pulsa em meu coração...

EU QUESTIONO...

Neste momento do ano, todas as pessoas são solidárias, fraternas, e a mídia o tempo todo nos manda imagens para despertarmos o “ESPÍRITO NATALINO”!
Acredito na importância destes projetos e atitudes, tendo real conhecimento que somam, acrescentam, mas acredito que solidariedade e fraternidade não são apenas pegar um pouco do que sobra e distribuir para os necessitados na época das festas ou calamidades. Devemos praticá-las durante o ano todo, e não apenas quando a mídia assim o determina.
Solidariedade e Fraternidade são virtudes que existem na alma, bem em nosso interior, e não é preciso ter posses para tanto, pois nada nos custam, e podem ser distribuídos sem onerar nossos bens materiais.
No meu ver, e não é blá... blá....blá...faz parte de minha pratica diária ser solidário! Deixa eu me explicar, ou definir como sinto a solidariedade... Não é preciso ser rico para distribuir sorrisos, abraços, para espalhar amizade. Nada custa, e com um sorriso na alma, receberemos muitos sorrisos de retorno. Quem tem posses, pode unir ao sorriso, um pedaço de pão, que será muito bem recebido.
Solidariedade é olhar para o outro quando ele nos magoa e realmente praticar a fraternidade, sabendo perdoar, acolher, entender... Acredito que a compreensão é outra forma de praticar solidariedade e fraternidade. Se alguém errou, antes de condenar, devemos ouvi-lo. Quem sabe existem razões para seu erro. Ouvir e escutar, e depois opinar, podem evitar a reincidência do erro praticado, mais do que o condenando simplesmente.
A bandeira da Paz, sempre deve ser acenada. Sempre devemos tê-la em nosso coração. Faz um bem tão grande. Um espírito pacífico sempre espalha amizade e compreensão. Não devemos chegar ao extremo de oferecer a outra face, porque afinal, somos humanos. Mas, apenas em legitima defesa devemos nos esquecer da paz. Sendo agredidos, claro que devemos defender-nos.
E um ato amistoso, normalmente causará uma resposta pacífica. Não é regra geral, pois ao lidarmos com pessoas de má índole, pacifismo pode ser considerado covardia.
Sempre teremos algo para doar, basta consultar nosso interior. Seja um sorriso, seja um ato de bondade, seja um ato de perdão para alguma injustiça que sofremos, ou para algo que nos prejudicou ou feriu, ou seja, simplesmente distribuindo amor.
Esse o grande segredo, que explica o que é solidariedade e fraternidade. É simplesmente distribuir amor.
E isso crianças, todos temos em nosso coração. Nada nos custa distribuí-lo. E não apenas no Natal e Ano Novo, mas durante o ano inteiro.
Venham... Unam-se... Mãos dadas... Desejando-nos, e a todos, UM LINDO PORVIR.


EU QUESTIONO...
Você teve atitudes solidarias e fraternas com as pessoas próximas de você? Com aquelas que se comprometeu? Você soube realmente perdoar, olhando bem fundo para teu orgulho e vaidade? Você ligou para seus amigos que não precisam de seus bens materiais, mas sim de um “OLÀ”! Você agradeceu aqueles que contribuíram para teu crescimento? Você contribui para seu crescimento pessoal e dos que estão a tua volta, ou a cada erro pessoal você automaticamente julgou , condenou, queimou no fogo da inquisição?
Posso apenas responder por minhas atitudes! Fui solidária! Durante este ano lidei com sombras que nem imaginava que poderiam existir dentro de mim e a minha volta, mas mesmo assim, amo-me cada dia mais...
Fui humilde para pedir desculpas quando errei, e algumas vezes, nem tinha errado, mas sentia um desprover de vaidade que aquilo era insignificante diante de tanta beleza que estava a minha volta! A meu ver um simples beijo e abraço podem curar qualquer mal, mas sou apenas uma Sonhadora! Donzela, mãe e anciã... Luz e sombra... Escutei e escuto muitas histórias pessoais sem esperar nada em troca, abracei muitas vezes sem ao menos saber quem era, o que era, de onde veio e para onde vai... E ainda encontrei tempo para brincar de roda no parque, presenteando as árvores, os pássaros e a Grande Deusa Mãe ....... Levei alimento em asilos, não comida de ser comida...mas abraços com sabor de bolinho de chuva... penteei cabelos, passei perfume e troquei fraldas...Brinquei de roda com crianças sem pais.....mais que me ensinaram a ver a beleza em cada instante!
Sou melhor que você que está lendo estas palavras? Nem um pouquinho... Sou a Soraya Yayá, dançarina do vento, sereia que canta... Filha de Afrodite a deusa do Amor alquímico, menina que brinca... Mãe que acolhe, cuida e esta aprendendo a ceifar..... Anciã que adora sentar em volta do fogo da criação e compartilhar histórias......Amo fazer parte da Cirandda da Lua!!!!!! Se sou solidária e fraterna? ESTOU APRENDENDO!
Com amor.....
Gratidão pela Jornada de 12 encantos........
Soraya Yayá

Espero que gostem da Crônica:
A SOLIDARIEDADE É ! Rubem Alves

“Se te perguntarem quem era essa que às areias e aos gelos quis ensinar a primavera…”: é assim que Cecília Meireles inicia um de seus poemas. Ensinar primavera às areias e aos gelos é coisa difícil. Gelos e areias nada sabem sobre primaveras… Pois eu desejaria saber ensinar a solidariedade a quem nada sabe sobre ela. O mundo seria melhor. Mas como ensiná-la?

Será possível ensinar a beleza de uma sonata de Mozart a um surdo? E poderei ensinar a beleza das telas de Monet a um cego? De que pedagogia irei me valer? Há coisas que não podem ser ensinadas, coisas que estão além das palavras. Cientistas, filósofos e professores são aqueles que se dedicam a ensinar as coisas que podem ser ensinadas por meio das palavras. Sobre a solidariedade muitas coisas podem ser ditas. É possível desenvolver uma psicologia da solidariedade, ou uma sociologia da solidariedade, ou uma ética da solidariedade… Mas os saberes científicos e filosóficos sobre a solidariedade não ensinam a solidariedade, da mesma forma como as críticas da música e da pintura não ensinam a beleza da música e da pintura. A solidariedade, como a beleza, é inefável – está além das palavras.

Palavras que se ensinam são gaiolas para pássaros engaioláveis. Mas a solidariedade é um pássaro que não pode ser engaiolado. Não pode ser dita. A solidariedade pertence à classe de pássaros que só existem em vôo. Engaiolados , eles morrem.

Walt Whitman tinha consciência disso quando disse: “Sermões e lógicas jamais convencem. O peso da noite cala bem mais fundo em minha alma…” E Fernando Pessoa sabia que aquilo que o poeta quer comunicar não se encontra nas palavras que ele diz: ela aparece nos espaços vazios que se abrem entre elas, as palavras. Nesse espaço vazio se ouve uma música. Mas essa música – de onde vem ela se não foi o poeta que a tocou?

O que pode ser ensinado são as coisas que moram no mundo de fora: astronomia, física, química, gramática, anatomia, números, letras, palavras. Mas há coisas que não estão do lado de fora, coisas que moram dentro do corpo. Estão enterradas na carne, como se fossem sementes à espera…

Sim, sim! Imagine isto: o corpo como um grande canteiro! Nele se encontram, adormecidas, em estado de latência, as mais variadas sementes. Elas poderão acordar, como a Bela Adormecida acordou com um beijo. Mas poderão também não brotar. Tudo depende…

As sementes não brotarão se sobre elas houver uma pedra. E também pode acontecer que, depois de brotar, elas sejam arrancadas… De fato, muitas plantas precisam ser arrancadas, antes que cresçam: as pragas, tiriricas, picões… Uma dessas sementes é a “solidariedade”. A solidariedade não é uma entidade do mundo de fora, ao lado de estrelas, pedras, mercadorias, dinheiro, contratos. Se ela fosse uma entidade do mundo de fora poderia ser ensinada e produzida. A solidariedade é uma entidade do mundo interior. Solidariedade nem se ensina, nem se ordena, nem se produz. A solidariedade tem de brotar e crescer como uma semente…

Veja o ipê florido! Nasceu de uma semente. Depois de crescer não será necessária nenhuma técnica, nenhum estímulo, nenhum truque para que ele floresça. Angelus Silesius, místico antigo, tem um verso que diz: “A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce”. O ipê floresce porque floresce. Seu florescer é um simples transbordar natural da sua verdade.

A solidariedade é como o ipê: nasce e floresce. Mas não em decorrência de mandamentos éticos ou religiosos. Não se pode ordenar: “Seja solidário!” A solidariedade acontece como um simples transbordamento: as fontes transbordam…

Já disse que solidariedade é um sentimento. É esse o sentimento que nos torna humanos. A solidariedade me faz sentir sentimentos que não são meus, que são de um outro. Acontece assim: eu vejo uma criança vendendo balas num semáforo. Ela me pede que eu compre um pacotinho das suas balas. Eu e a criança – dois corpos separados e distintos. Mas, ao olhar para ela, estremeço: algo em mim me faz imaginar aquilo que ela está sentindo. E então, por uma magia inexplicável, esse sentimento imaginado se aloja junto dos meus próprios sentimentos. Na verdade, desaloja meus sentimentos, pois eu vinha, no meu carro, com sentimentos leves e alegres, e agora esse novo sentimento se coloca no lugar deles. O que sinto não são meus sentimentos. Foram-se a leveza e a alegria que me faziam cantar. Agora, são os sentimentos daquele menino que estão dentro de mim. Meu corpo sofre uma transformação: ele não é mais limitado pela pele que o cobre. Expande-se. Ele está agora ligado a um outro corpo que passa a ser parte dele mesmo.

Isso não acontece nem por decisão racional, nem por convicção religiosa, nem por um mandamento ético. É o jeito natural de ser do meu próprio corpo, movido pela solidariedade. Pela magia do sentimento de solidariedade meu corpo passa a ser morada do outro. É assim que acontece a bondade.

O menino me olhou com olhos suplicantes.

E, de repente, eu era um menino que olhava com olhos suplicantes…


Contato Soraya: 011 9979 0447

Um comentário:

Clã Filhas da Lua disse...

Soraya,
Que delícia te ler... que maravilha de texto, que crônica encantadora.
Estou presente contigo na Ciranda, dançando e cantando aos ventos, aprendendo sempre.
Abraços fraternos,
Ana Paula Andrade
Clã Filhas da Lua/RS