Ela muda tudo que toca; ela toca tudo que muda

Nossas ancestrais desde os primórdios da humanidade, compreendendo o poder da vida Cíclica reuniam-se para o recolhimento mensal, num tempo em que no céu da noite a Lua estava Nova, no céu do dia o Rei Sol estava mais próximo, e na Terra elas sangravam. Este ritual acontecia em diversas formas e com variados nomes pelo mundo todo, como Casas Menstruais na Índia, Tendas Vermelhas nas tribos dos beduínos, Tendas da Lua nas tribos norte-americana.

Lá, naquele momento de recolhimento e de escuridão na Terra, realizavam rituais, cerimônias e ritos de iniciação e buscavam orientações para sua tribo e comunidade. Meninas eram ensinadas pelas anciãs a entrarem na sua vida adulta quando a menarca chegava; jovens mulheres recebiam orientação das mulheres mais velhas e experientes para valorizarem seu corpo, sobre sexualidade, a cuidarem de si, a aumentar sua fertilidade ou controlar sua natalidade, a sonharem com seus filhos e a se fortalecerem com seus partos; eram orientadas para evoluírem espiritualmente pelo seu sangue mensal menstrual e assim desenvolviam sua relação com o ritual doméstico de adoração às Deusas Mulheres e a dimensão sagrada de seus corpos; as anciãs tornavam-se os grandes pilares da comunidade por guardarem o poder e o conhecimento da escuridão do Grande Útero Primordial, Aquele que Tudo Cria e assim, eram as que mantinham e zelavam pelas gerações vindouras.

Os ritos de passagem trazem uma descrição que enfatiza tanto a força física como o desenvolvimento de caráter. Nas linhagens antigas de nossas ancestrais era considerado importante que uma mulher fosse capaz de demonstrar sua capacidade para a paciência e a perseverança. Este tipo de ensino parece bastante adequado e não existe em nosso mundo moderno. Ao contrário, a iniciação de nossas meninas parece bem superficial e frágil: aprende-se a tomar anticoncepcional, usar o 1º sutiã e o tampão pela 1ª vez. Resultados disso, mulheres relacionam-se sexualmente e engravidam sem ter qualquer noção de sua própria capacidade de resistência, física ou psicológica. E, claro que assim, muitas optam por dar à luz com auxilio de analgésicos e de uma tecnologia que lhes priva de experimentar a sua própria força, e, mais que isso, priva seu rebento de vir ao mundo realmente querendo nascer e tendo sua 1ª experiência de sobrevivência. Esta ausência de desafio e fortalecimento na puberdade pode também contribuir para a falta de auto-estima que aflige tantas jovens e provoca distúrbios e vícios alimentares.

Para a maioria das mulheres, a raiz da sua infelicidade está em um relacionamento doloroso com os processos de ser mulher. São treinadas para não transparecerem que estão menstruadas, por exemplo. É preciso entender que o universo construído para mulher que aprende a tratar o útero e a menstruação como apenas uma necessidade biológica desconfortável, o parto como doença, onde se precisa de intervenção cirúrgica (cesárea) sem a menor participação da mulher e da família no processo e a mulher menopáusica passível de tratamentos médicos por presumirem que estão prestes a deixar de ser mulher, a auto-estima dessas mulheres é correspondentemente baixa. Infelizmente o valor que atribuímos aos que nossas ancestrais chamavam sabiamente de “Mistérios de Sangue” está direta e proporcionalmente ligado ao valor que relacionamos a nos mesmas enquanto mulheres.

O aprendizado de nossa natureza cíclica e da Sagrada Terra, nos traz noção de pertencimento, de totalidade, nos fortalece. Convoca-nos a despertar mais ventres, a cura de nossas ancestrais, ao aprendizado com nosso clã feminino, ao cuidado com a Terra. Nos sacraliza, nos cura, nos empodera. Permita-se a essa cura!!

Sabrina Alves
www.cladosciclossagrados.com

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