“O ecofeminismo sugere, portanto, uma terceira direcção: o reconhecimento de que, apesar de o dualismo natureza-cultura ser um produto da cultura, podemos conscientemente escolher a aceitação da conexão mulher-natureza, participando da cultura, reconhecendo que a desvalorização da doação da vida tem consequências profundas para a ecologia e as mulheres.”
Regina Célia Di Ciommo
Prof. da Universidade Estadual de Passos - Minas Gerais
Num livro sobre Eco feminismo de que me fala uma amiga brasileira, fica claro e é muito evidente, diz ela, “que o problema da mulher é um problema de diálogo com as outras mulheres... e também na vida em geral, tanto que um capítulo do livro é inteiramente dedicado a destacar as diferenças entre todas as Ecofeministas mais activas, e da sua luta umas contras as outras, ao invés de unificar a luta, que no fim é a mesma”...
É nesta crucial evidência que as lutas das mulheres e do feminismo em geral, nas suas pretensas múltiplas facetas, morrem mais cedo ou mais tarde ou simplesmente abortam logo no começo… Enquanto a mulher não superar este antagonismo-inconsciência de si mesma (e não dualidade) que acaba invariavelmente por se reflectir na hostilidade às outras mulheres e em formas de rivalidade variadas nas relações afectivas, competição no trabalho, na criatividade e até paradoxalmente, numa admiração sem limites e por isso redutora de si, de uma líder, não chegaremos a nenhum lado. Enquanto a mulher olhar para outra mulher como rival, não pode haver a defesa de uma verdadeira causa comum…e muito menos uma defesa da Mulher e da Natureza como o seria idealmente a causa do Ecofeminismo…como esperança da união final e fraterna da mulher consigo mesma e com todas as mulheres e com a Terra-Mãe, Gaia.
O drama da mulher de hoje, sobretudo a mulher que atingiu alguns patamares de afirmação intelectual, social ou económica, é justamente não querer reconhecer a sua divisão interior ou nem sequer se aperceber da cisão interna do seu ser pois está tão afastada dessa sua essência primeira que a move a si e ao universo, como das suas próprias entranhas e da Terra como Organismo vivo e fecundo…
A mulher dos nossos dias, vive completamente fragmentada e apenas ligada à sua mente racional, a sua mente educada para a lógica, reprimindo os aspectos intuitivos e instintivos do seu ser profundo. Ela vive por isso em conflito permanente com as suas emoções ou nega-as, porque isso aos olhos dos homens a torna inferior e irracional, histérica, e assim ela elege contra si mesma a filosofia e a lógica (cartesiana) redutora do homem e do universo e que a reduziu a uma metade…A mulher para ser integral tem de ser consciente de todo este processo que a divide e unir as suas duas metades cindidas pelas religiões, devendo a sua luta ir muito para além dos aspectos meramente económicos, sexuais, sociais e políticos que as feministas tomaram como referência única.
Não duvido da importância do trabalho e sacrifício das sufragistas no princípio do século XIX, nem das feministas em princípios e meados do século XX, mas sei que neste momento, no início deste novo século, urge uma nova consciência do ser mulher e que esta não pode deixar de abranger o Planeta e o Cosmos numa concepção mais alargada do que significa o Sagrado para além das religiões e mesmo aos olhos de uma nova ciência e porque se trata de uma Consciência inata e inerente ao Ser Mulher. Por isso uma Nova Dimensão do Feminino urge no despertar da consciência da própria essência do sagrado, dissociado de qualquer religião ou dogma, e emerge como essência nuclear e energética da vida em si, como o vulcão a despertar, assim como urge o reconhecimento da própria natureza e dos seus ciclos e de tudo o que nasce sem ser semeado por mão humana…
Para que essa consciência seja efectiva e transformadora a Mulher não poderá mais dissociar-se da Terra como uma força viva, a que se alia e em sua defesa, como se se tratasse das suas próprias entranhas. Para isso é fundamental reencontrar-se consigo mesma ligando-se à mulher ancestral, à mulher que era sábia e se regia pelos ciclos da natureza fiel às estações, ao ritmo dos mares e à Sombra da Lua, sua face reprimida e odiada pelos homens à luz do Sol Imperial…Os homens que ao negaram a sua Sombra, o seu lado feminino e lunar e a própria mulher, que dividiram a Terra em propriedade privada, destruíram assim a verdadeira dimensão do espiritual e do sagrado levando a humanidade, maniatada por sistemas totalitários e religiões dogmáticas e seitas fanáticas, a esta secura de alma a este vazio do ser que todos atravessamos, pela anulação da Mulher como Princípio do Amor e da Dádiva e da verdadeira Compaixão.
Se a mulher não acordar para si mesma e não se aperceber que a sociedade falocrática temerosa do seu poder interior a privou há séculos do seu ser abissal, do seu ser anímico, da sua verdadeira Alma, e até das suas entranhas, das profundezas abissais das suas terras uterinas, da sua intuição, da sua voz do útero, voz do oráculo, privando-a assim do seu lado instintivo e selvagem obrigando-a a viver à luz da lógica e da razão masculina, a mulher, a comunista, a intelectual ou a artista, a sufragista ou a feminista, não viu nem verá senão os “direitos das mulheres” no plano meramente sexual, social e económico, reivindicando uma igualdade num sistema em que nunca será igual nem semelhante, porque a mulher é diferente e é nessa diferença que tem de se afirmar.
Se ela não se afirmar nessa diferença, nunca sequer perceberá que a cultura que a cria é o apanágio da sociedade falocrática que a condenou a instrumento de procriação-prazer-produção e assim a vê, e acabará sempre por se submeter tacitamente ao poder do mais forte mesmo quando luta contra a sua dependência e subalternidade. Enquanto a mulher não entender que é vítima de um processo mental-intelectual-filosófico em que foi e é paulatinamente modelada à imagem do homem, pela cultura patriarcal, (vista como uma simples costela de Adão) seja ele orientado numa perspectiva marxista-materialista-consumista ou espiritualista-religiosa-dogmática, é como se a mulher continuasse a aceitar ver-se reduzida a um ser-objecto, fragmentada nas suas funções, seja ora um ser sexual, ora um ser reprodutor ou produtivo, usada pelo mundo patriarcal, esclavagista, feudal, capitalista ou socialista, que a privou e à Humanidade da sua outra metade mulher, construindo uma Humanidade Homem ao longo dos séculos e fazendo da mulher um homem menor…ou seja, segundo os seus Mestres, um ser castrado e sem alma, com inveja do pénis… ao ponto de ela aceitar a mutilação do seu corpo, negar o seu sangue, a sua idade e até mudar de sexo…
Regina Célia Di Ciommo
Prof. da Universidade Estadual de Passos - Minas Gerais
Num livro sobre Eco feminismo de que me fala uma amiga brasileira, fica claro e é muito evidente, diz ela, “que o problema da mulher é um problema de diálogo com as outras mulheres... e também na vida em geral, tanto que um capítulo do livro é inteiramente dedicado a destacar as diferenças entre todas as Ecofeministas mais activas, e da sua luta umas contras as outras, ao invés de unificar a luta, que no fim é a mesma”...
É nesta crucial evidência que as lutas das mulheres e do feminismo em geral, nas suas pretensas múltiplas facetas, morrem mais cedo ou mais tarde ou simplesmente abortam logo no começo… Enquanto a mulher não superar este antagonismo-inconsciência de si mesma (e não dualidade) que acaba invariavelmente por se reflectir na hostilidade às outras mulheres e em formas de rivalidade variadas nas relações afectivas, competição no trabalho, na criatividade e até paradoxalmente, numa admiração sem limites e por isso redutora de si, de uma líder, não chegaremos a nenhum lado. Enquanto a mulher olhar para outra mulher como rival, não pode haver a defesa de uma verdadeira causa comum…e muito menos uma defesa da Mulher e da Natureza como o seria idealmente a causa do Ecofeminismo…como esperança da união final e fraterna da mulher consigo mesma e com todas as mulheres e com a Terra-Mãe, Gaia.
O drama da mulher de hoje, sobretudo a mulher que atingiu alguns patamares de afirmação intelectual, social ou económica, é justamente não querer reconhecer a sua divisão interior ou nem sequer se aperceber da cisão interna do seu ser pois está tão afastada dessa sua essência primeira que a move a si e ao universo, como das suas próprias entranhas e da Terra como Organismo vivo e fecundo…
A mulher dos nossos dias, vive completamente fragmentada e apenas ligada à sua mente racional, a sua mente educada para a lógica, reprimindo os aspectos intuitivos e instintivos do seu ser profundo. Ela vive por isso em conflito permanente com as suas emoções ou nega-as, porque isso aos olhos dos homens a torna inferior e irracional, histérica, e assim ela elege contra si mesma a filosofia e a lógica (cartesiana) redutora do homem e do universo e que a reduziu a uma metade…A mulher para ser integral tem de ser consciente de todo este processo que a divide e unir as suas duas metades cindidas pelas religiões, devendo a sua luta ir muito para além dos aspectos meramente económicos, sexuais, sociais e políticos que as feministas tomaram como referência única.
Não duvido da importância do trabalho e sacrifício das sufragistas no princípio do século XIX, nem das feministas em princípios e meados do século XX, mas sei que neste momento, no início deste novo século, urge uma nova consciência do ser mulher e que esta não pode deixar de abranger o Planeta e o Cosmos numa concepção mais alargada do que significa o Sagrado para além das religiões e mesmo aos olhos de uma nova ciência e porque se trata de uma Consciência inata e inerente ao Ser Mulher. Por isso uma Nova Dimensão do Feminino urge no despertar da consciência da própria essência do sagrado, dissociado de qualquer religião ou dogma, e emerge como essência nuclear e energética da vida em si, como o vulcão a despertar, assim como urge o reconhecimento da própria natureza e dos seus ciclos e de tudo o que nasce sem ser semeado por mão humana…
Para que essa consciência seja efectiva e transformadora a Mulher não poderá mais dissociar-se da Terra como uma força viva, a que se alia e em sua defesa, como se se tratasse das suas próprias entranhas. Para isso é fundamental reencontrar-se consigo mesma ligando-se à mulher ancestral, à mulher que era sábia e se regia pelos ciclos da natureza fiel às estações, ao ritmo dos mares e à Sombra da Lua, sua face reprimida e odiada pelos homens à luz do Sol Imperial…Os homens que ao negaram a sua Sombra, o seu lado feminino e lunar e a própria mulher, que dividiram a Terra em propriedade privada, destruíram assim a verdadeira dimensão do espiritual e do sagrado levando a humanidade, maniatada por sistemas totalitários e religiões dogmáticas e seitas fanáticas, a esta secura de alma a este vazio do ser que todos atravessamos, pela anulação da Mulher como Princípio do Amor e da Dádiva e da verdadeira Compaixão.
Se a mulher não acordar para si mesma e não se aperceber que a sociedade falocrática temerosa do seu poder interior a privou há séculos do seu ser abissal, do seu ser anímico, da sua verdadeira Alma, e até das suas entranhas, das profundezas abissais das suas terras uterinas, da sua intuição, da sua voz do útero, voz do oráculo, privando-a assim do seu lado instintivo e selvagem obrigando-a a viver à luz da lógica e da razão masculina, a mulher, a comunista, a intelectual ou a artista, a sufragista ou a feminista, não viu nem verá senão os “direitos das mulheres” no plano meramente sexual, social e económico, reivindicando uma igualdade num sistema em que nunca será igual nem semelhante, porque a mulher é diferente e é nessa diferença que tem de se afirmar.
Se ela não se afirmar nessa diferença, nunca sequer perceberá que a cultura que a cria é o apanágio da sociedade falocrática que a condenou a instrumento de procriação-prazer-produção e assim a vê, e acabará sempre por se submeter tacitamente ao poder do mais forte mesmo quando luta contra a sua dependência e subalternidade. Enquanto a mulher não entender que é vítima de um processo mental-intelectual-filosófico em que foi e é paulatinamente modelada à imagem do homem, pela cultura patriarcal, (vista como uma simples costela de Adão) seja ele orientado numa perspectiva marxista-materialista-consumista ou espiritualista-religiosa-dogmática, é como se a mulher continuasse a aceitar ver-se reduzida a um ser-objecto, fragmentada nas suas funções, seja ora um ser sexual, ora um ser reprodutor ou produtivo, usada pelo mundo patriarcal, esclavagista, feudal, capitalista ou socialista, que a privou e à Humanidade da sua outra metade mulher, construindo uma Humanidade Homem ao longo dos séculos e fazendo da mulher um homem menor…ou seja, segundo os seus Mestres, um ser castrado e sem alma, com inveja do pénis… ao ponto de ela aceitar a mutilação do seu corpo, negar o seu sangue, a sua idade e até mudar de sexo…
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